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29/06/2017

III Cartas a Sofia

Querida Sofia,

Será que o nosso encontro está para breve ou vamos ter que esperar até à próxima feira do livro?
Espero que não que a vida se tricote de outra maneira, que o mundo gire na direção certa desta amizade e que os encontros se proporcionem na cadência apropriada a quem se quer bem. Diz o povo que quem se quer bem sempre se encontra. Partilho contigo um poema que já escrevi numa parede lá para os lados do sítio que nos juntou...

De Sophia de Mello Breyner Andresen, em “Obra Poética”

Terror de Te Amar

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Que nenhuma estrela queime o teu perfil
Que nenhum deus se lembre do teu nome
Que nem o vento passe onde tu passas.

Para ti eu criarei um dia puro
Livre como o vento e repetido
Como o florir das ondas ordenadas.

A música Feel to Believe - Beth Orton para embalar o final da semana.

Beijinhos,
LucieLu

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27/06/2017

De costas para o mundo...

...mas de peito aberto para o interior, nesta cirurgia delicada que é analisar o que sinto. Coser com cuidado estas lágrimas que se exprimem de uma forma que eu nunca serei capaz de verbalizar. Nesta viagem à beira-mar, as palavras tendem a não sair, a não se organizar, às vezes oiço-me e sim apetece virar costas ao mundo, olhar o mar e ficar ali apenas a existir sem preocupações.
Tenho dificuldade em olhar-me, em ver-me. A tendência não é ser generosa comigo. Sou como uma lupa que põe em evidência o que não me orgulho, as escolhas, os fracassos e disparates. Como se isso me definisse, como se existir na perfeição que se almeja definisse alguém ou até fosse possível existir imaculadamente sem falhar.

Porque é tão difícil para mim?

16/06/2017

Plataforma


Cheguei à estação de metro do trabalho. Ainda tenho tempo.
Deixo-me ficar na plataforma, está fresco e, num dia como o de hoje, isso é uma benção.
Aqui fico, inerte, invisível... Todos seguem seus caminhos, decididos, orientados. Seguem a vida como se de um diagrama do metro se tratasse. Os comboios a apanhar são normalmente​ por esta ordem, estudo, carreira, namoro, casamento, família... Se por qualquer motivo não é assim, achamos que há algo de errado, não com o mundo, mas connosco. E vem uma verdade apetecível.
 "Para sua segurança não entre nem saia do comboio após o aviso sonoro de portas."
O melhor é não entrar não vá ter dado o aviso e estar distraída. Não vá o comboio andar e não me levar ao destino pretendido. E se ainda assim, ousar fazer uma viagem todo o cuidado é pouco. E se este comboio for contra aquilo que construí? E se este comboio não me traz o que preciso? E se este comboio for ainda melhor do que idealizei... Como discernir? Como prever? Como viver?

"Proteja os seus bens. Tenha atenção à entrada e saída do comboio​."

Tenho que ir trabalhar... Não vá esta crise de meia idade durar a tarde toda.

14/06/2017

II Cartas a Sofia

(resposta à carta da Sofia)

Lembro-me do domingo de dilúvio, não tinha festa há mais de vinte anos. O meu interior flamejava. Queria ajuda, sou ótima a boicotar as minhas escolhas. É mesmo como dizes: "Fome e sede." E eu sem saber o que fazer. O que escolher. Por quê escolher?

O poema que te trago foi o primeiro que conheci de Daniel Faria
em Homens Que São Como Lugares Mal Situados (1998)

As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos - digo,
As mulheres - ainda que as casas apresentem os telhados inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.

É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas

Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos - no pescoço das mães - ainda que as árvores irradiem
Cheias de rebentos

As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.

A música que partilho é esta:
Blossom Dearie -- Try Your Wings
Eu que me recuso a usar estas asas...

Beijinhos,
LucieLu

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09/06/2017

9 de junho de 2017

O início de uma nova era.

06/06/2017

I Cartas a Sofia

Querida Sofia,

Partilhaste no outro dia no teu instagram esta imagem:

E lancei-te um desafio: um poema e uma música por semana. Uma partilha, uma carta, para manter ativas partes do cérebro e do coração. Começo com um dos meus poemas preferidos.

Ternura 
Desvio dos teus ombros o lençol,
que é feito de ternura amarrotada,
da frescura que vem depois do sol,
quando depois do sol não vem mais nada…
Olho a roupa no chão: que tempestade!
Há restos de ternura pelo meio,
como vultos perdidos na cidade
onde uma tempestade sobreveio…
Começas a vestir-te, lentamente,
e é ternura também que vou vestindo,
para enfrentar lá fora aquela gente
que da nossa ternura anda sorrindo…
Mas ninguém sonha a pressa com que nós
a despimos assim que estamos sós!

David Mourão-Ferreira

E a tua música está aqui: Little Joy - Brand New Start

Beijinhos,
LucieLu


01/06/2017

1 SECOND EVERYDAY - Maio 2017


Destaques:
- Sessão com uma família bonita;
- Charlie dentro e fora da barriga;
- Encontro de Bloggers;
- Aniversário da Marina;
- Dois espetáculos este mês;
- Um brunch com as amigas.

Tantas memórias! Maio trataste-me bem!

*dia 15 de maio... esqueci-me!

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