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29/12/2017

O choro da criança

Hoje estava no metro, uma criança chorava, não estava a ser ouvida. E eu fui incapaz de fazer ou dizer qualquer coisa.

O pequeno de 2/3 anos chorava pela chucha que por algum motivo a mãe não queria dar. Entre nãos e gritos. Ainda levou umas palmadas dadas por ele na cara (ao estilo mão morta mas com toda a força)...

A criança já não chorava, ela berrava... A mãe ficava cada vez mais nervosa com os olhares.

Antes, eu achava que uma palmada na altura certa ensinava muita coisa. Hoje acho que dar palmadas é uma escapatória fácil para quem não quer, não pode ou não consegue dar atenção e tempo, que a criança necessita, para resolver determinado problema ou situação. Já não acredito no poder da palmada mas acredito no poder da palavra, da atenção completamente focada...

Mais do que toda esta situação é a situação de quem está de fora que quase como um pacto trocam olhares mas não se impõem ou sugerem fazer diferente. Um quase "entre filho e mãe não se meta ninguém..."

Ninguém ficaria indiferente se aquela senhora fizesse isso a um idoso ou adulto... Porque será que permitimos isso com alguém indefeso e talvez pouco capaz de dizer: tenho sono, estou cansado, tenho fome, quero a atenção que estás a dar ao teu telemóvel...

É difícil sair do metro e sentir aquele choro desesperado a ecoar em paredes humanas inertes.

Como reagir nestas situações? Como calar a vontade que há em mim de resolver estas situações? Como lutar contra este pensamento que me persegue durante as horas seguintes:
Eu deveria ter feito alguma coisa...

4 comentários:

  1. Nem sempre é preto no branco. Sou Educadora e por vezes tenho que os "deixar chorar". Porque uma birra não deve ser sempre "socorrida" à pressa. Uma birra não deve ser sempre calada com aquilo que a criança quer. Eu deixo-os acalmarem-se para depois lhes dar o que pretendem. Dar-lhes de imediato o objeto de desejo é transmitir que ao fazerem birra têm o que querem. Não sei o que se passou e, portanto, não consegui assegurar se a mãe tomou a melhor decisão ou não (apesar de não concordar nada com a violência física e verbal). Mas sei, enquanto alguém que ajuda a educar crianças, que tentamos sempre fazer o melhor. Infelizmente nem sempre corre tudo bem.

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  2. Estimada Cláudia, percebo perfeitamente apesar de não exercer sou educadora e professora do 1ºciclo, compreendo bem o que diz. A mim o que me choca não é a birra que compreendo o seu papel e finalidade mas a forma indiferente e pouco empática com que se tratam as crianças quando fazem birra. Sei que talvez tenha uma visão demasiado utópica ou romantizada mas eu quero acreditar que ouvir a criança, dar-lhe aconchego faz a diferença. Não quero com isto dizer que se ceda àquilo que a criança quer. Mas sim ouvir e escutar o porquê e explicar-lhe o porquê daquilo não acontecer. Ajudar a criança a acalmar-se em vez de se irritar com ela. Às vezes sinto que os adultos é que estão a fazer birra, e nesta situação pareceu mesmo. Enfim, eu também não quero julgar porque acho que não há verdades absolutas, e ninguém sabe o contexto que levou a esta situação... já serviu para abrir o diálogo e continuar a refletir como é que podemos todos fazer melhor. Obrigada pela tua partilha. Um feliz 2018

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  3. Sem dúvida que bater, ameaçar palmadas ou qualquer que seja a "agressão" nunca tem um resultado positivo, seja em crianças ou adultos.
    Essa é uma das formas de "educação" que sempre me fez pensar não ser capaz de ter crianças vivendo em Portugal. Em qualquer outro país que tenha estado, o simples berro a uma criança é motivo para preocupação e altera de todas as pessoas ao redor. Em vez disso, fala-se e foca-se nos possíveis motivos que fazem uma criança comportar-se como se comporta e faz-se algo para resolver o problema, ou melhor ainda, evita-lo. Quando existe essa base, não existem crises ou birras porque pura e simplesmente as crianças não têm motivo para o fazer.
    O choro de uma criança é sempre frustrante e não o é mais para alguém alheio do que para a própria mãe ou pai. Apesar de nunca ter passado por isso, acredito que ainda mais frustrante será sentir os olhares alheios e os "tss-tss" de pessoas que não convivem com a criança 24 horas por dia ou ter alguém a invadir o espaço dando palpites, especialmente quando se está num momento de stress.
    Mas acredito que estando de fora, o melhor a fazer é sem dúvida oferecer ajuda. Muitas vezes é apenas de uma mão amiga ou alguém compreensivo que uma mãe ou a própria criança precisa para perceber que está tudo bem.

    Um beijinho enorme

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  4. *alerta. Dá para perceber que tenho um pouco dislexia? ;)

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